quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Juramento de Morte



Nenhum conflito, até hoje, envolveu tanta paixão em todo o mundo a tomar partido por um dos lados numa contenda civil como a guerra civil de Espanha. As ideologias estavam no seu esplendor e na máxima sintonia, cabeça e coração. Os fascismos europeus estavam pujantes e na alvorada das grandes ambições, a atração soviética estava no apogeu. Tudo parecia indicar que o mundo se iria transformar, do pé para a mão, em comunista ou fascista, sem meias distâncias. Na imagem vemos o que era chamado de “Juramento de morte”.

Sabem-se quem ganhou? Melhor, ganharam os dois extremos que assaram as castanhas em Espanha. Ganhou Franco. Ganharam as ditaduras fascistas e fascizantes. Ganhou o Vaticano que viu Espanha transformada numa catedral a cheirar a pólvora. Ganhou Estaline que, embora derrotado em Espanha (mas Espanha tinha deixado de contar), pouco tempo depois estava a fazer um pacto de aliança com Hitler, a entregar comunistas alemães à Gestapo e a repartir a Polônia com os nazistas.

E quem perdeu? Perderam os espanhóis. Porque mais de um milhão deles tinha transformado a cara numa caveira. Porque, para os que escaparam vivos, o esperavam quarenta anos de franquismo. Porque as sotainas voltaram a obrigá-los a ajoelhar e desfiar o terço. Porque ainda hoje não recuperaram o direito à memória coletiva, pois que a democracia, quando voltou, trouxe a anestesia combinada entre os franquistas e os novos políticos democratas, inibidos no medo do passado.

Fica a dúvida, será que toda a devoção ao derramamento de sangue pelos ideais que acreditavam valeu mesmo apena?


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